Ontem, no Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes, o Conselho Tutelar divulgou balanço que mostra o quanto o assunto é preocupante na cidade: entre 2007 e 2008, o número de casos suspeitos de violência sexual notificados ao órgão subiu 481%. Dos 1382 atendimentos realizados pelo Conselho em Petrópolis em 2007, apenas onze foram declarados como casos suspeitos de violência sexual. Já em 2008, dos 1468 atendimentos, 64 foram classificados como suspeitos. Nesse ano, até hoje, de 700 atendimentos, 27 foram declarados suspeitos.
Para chamar a atenção das autoridades e da população sobre o assunto, o Conselho Tutelar e o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas), promoveram ontem uma mobilização na Praça D. Pedro, desde às 9h. Próximo dali, em frente ao Colégio Pedro II, o vereador Tiago Damasceno também alertava a população para o problema.Conselheiros, assistentes sociais, psicólogos e advogados distribuíram panfletos durante todo o dia, esclarecendo alguns pontos relevantes acerca dos maus tratos contra menores e as muitas formas de denunciá-los. “Você às vezes conhece aquela pessoa e fica com medo, com vergonha, ou até preocupado em se expor na denúncia.
Então, a gente queria conscientizar a população de que a denúncia é anônima e que a pessoa vai estar colaborando com a vida”, explicou o conselheiro tutelar Agnes Dalzini.A violência sexual contra menores ganhou destaque no Brasil por meio do caso da menina Araceli, que, aos 8 anos de idade, em 1973, foi raptada, drogada, estuprada e depois queimada por jovens de classe média, em Vitória, Espírito Santo. Em 1997, foi criado o disque-denúncia, que atende ligações de todas as regiões do país. Enquanto em 2003 eles recebiam 12 queixas por dia, em 2007 esse número aumentou para 67.Há seis anos, a Polícia Rodoviária Federal realiza o mapeamento dos pontos vulneráveis à exploração de crianças e adolescentes nas rodovias federais. Em 2007, 1.918 bares, hotéis, postos de combustível e restaurantes à beira da estrada foram identificados como prováveis pontos de abuso sexual infantil.
Um crescimento significativo de 127% se comparado a 2005, quando existiam 844 pontos. O Creas é uma instituição nova, que começou a funcionar em agosto do ano passado mas que, de acordo com Agnes, está ajudando muito no sistema de denúncias. “Nós recebemos as denúncias, e o estudo de revelação, se existe mesmo a circunstância, é passado para o Centro de Referência. Ele relata para o Conselho Tutelar e nós trabalhamos a família junto com o Creas, para que a violência cesse. Nós denunciamos à Polícia, para que sejam tomadas as medidas judiciais cabíveis, no sentido de responsabilizar o agressor, e acompanhamos também com o Creas para que a vítima restabeleça o direito, para que ela tenha o trauma minimizado, através do psicólogo, do assistente social e diversos outros profissionais”.A assistente social e coordenadora do Creas, Eliane Sans Moraes explicou o trabalho.
“O Creas é um espaço especializado para isso. Atendemos vítimas de todo tipo de violência, não só do abuso sexual. A violência contra o idoso, contra a mulher, que tem também um centro de referência especializado, mas o acompanhamento é feito pelo Creas. A equipe é formada por assistentes sociais, psicólogos e advogados”.
Em frente ao Colégio Pedro II, o vereador Tiago Damasceno, líder do PV na Câmara, divulgava ontem a lei municipal 6736, de sua autoria, instituída neste ano. Ela torna obrigatória a divulgação de avisos, cartazes ou panfletos contra a exploração sexual de menores em bares, restaurantes, hotéis, motéis e estabelecimentos de hospedagem em geral. Serviço:Disque denúncia – 100 (para todo o Brasil)Conselho Tutelar (Petrópolis)– 2246-1503 (de 9h às 18h) / 8819-6944 (plantão 24h).
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