segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Voluntários criam corrente de solidariedade

Solidariedade. Foi isso que embalou os corações de quase 200 pessoas que se apresentaram como voluntários no Ciep de Itaipava, onde estavam concentradas as doações que vieram de várias partes do país. Enquanto alguns deixam o local altas horas da madrugada, outros sequer vão embora. Se acomodam da maneira que podem, nos cantos do prédio, inclusive encostados nas paredes ou sob as rampas de acesso ao segundo andar do prédio.

Ontem, com a chegada do fim de semana, o número de voluntários praticamente dobrou. Uma que permanece no local desde quinta-feira é a educadora social Rosana de Almeida Cabrera, de 54 anos. “Tô me ajeitando numa caminha que montamos embaixo da rampa. Moro no Morin e ficar indo e voltando é muito trabalhoso”, disse. Ela integra o Comando da Paz e, tão logo soube do problema, partiu para Itaipava para poder ajudar.

“Quando cheguei, me assombrei com o tamanho da coisa. Antes de iniciarmos os trabalhos, o Peixoto (presidente do Comitê de Ações Emergenciais) nos levou para conhecer a atual realidade. Fiquei impressionada com a altura da lama. Voltamos sensibilizados, e começamos a trabalhar com muito mais vontade do que antes”, disse, salientando que, logo no início do trabalho, pôde perceber que as pessoas que procuram o local em busca de doações não precisam apenas de mantimentos ou roupas. “Eles querem e precisam contar o seu sofrimento. Procuram uma palavra amiga, um ombro. Muitos ficaram sozinhos, pois perderam toda a família”, completa Rosana, que é mãe de dois filhos. Na sexta-feira, a filha de 18 anos também foi para o Ciep ajudar nos trabalhos.

Outra voluntária que demonstra muita força é a funcionária pública Dirce Fátima de Paula, de 54 anos. A casa onde morava com a mãe de 81 anos e os cinco filhos, no Arranha-Céu, ficou completamente alagada durante a enchente e a família perdeu todos os bens. “A casa ficou de pé e, aparentemente, a estrutura não chegou a ser abalada. Lá ainda está tudo sujo porque, sabendo que as pessoas podem estar precisando de mim aqui, não consigo pensar em fazer limpeza”, conta. Segundo ela, a faxina está sendo feita apenas à noite. “Estou limpando um cômodo por dia. Aos poucos vou conseguir colocar as coisas em ordem”.
Mas, a pequena Emanuelle, de apenas 10 anos, era quem chamava mais atenção. Ela conta que ficou sabendo da tragédia através da televisão e, no mesmo dia, pediu para a mãe levá-la ao abrigo, pois queria ser voluntária. A menina integra o Clube de Desbravadoras. “Minha mãe deixou eu vir, então, separei as minhas doações. Trouxe um short, um moletom, pantufa e uma boneca”, contou. Indagada sobre o brinquedo, ela acabou revelando que era a boneca que mais gostava. “Ela tinha os cabelos cacheados. No mesmo dia que fiz a doação, já foi entregue a uma criança”.

Junto com Emanuelle estava a amiga da família, Luciana. “Também faço parte do clube e ontem (quinta-feira) ela me ligou chamando para vir pra cá. É claro que não pensei duas vezes. Ainda mais tendo partido de uma criança”, revela Luciana.

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